E se a solidão não for um castigo, mas um convite?
- lilliangabrielle
- 5 de ago.
- 2 min de leitura
Desde sempre ouvimos que fomos feitos para estar com o outro.
E é verdade, somos humanos, nascemos do toque, do afeto, do olhar.
Bowlby já dizia: “A necessidade de estar próximo de alguém é uma parte básica e primitiva da natureza humana.”
Mas... será que é só isso?
Talvez a solidão não seja essa vilã que tentam pintar.
Talvez ela seja só uma porta, silenciosa, para dentro.
Porque o medo de estar só nos faz vestir máscaras, inventar sorrisos, adaptar desejos.
Queremos tanto ser aceitos que acabamos nos esquecendo de quem somos.
E então, um dia, nos damos conta: estamos cercados de gente, mas vazios por dentro.
Ninguém nos preenche. Ninguém nos encontra.
Porque nem nós mesmos sabemos onde estamos.
A solidão que dói de verdade não é a falta do outro — É a falta de si.
Mas há um outro tipo de solidão...Uma que cura.
Aquela que te ensina a gostar da sua própria presença.
Que te faz sorrir numa noite chuvosa com vinho e sua série favorita.
Que te convida a ouvir aquela música que só você entende.
A sair sozinha num fim de tarde só para provar o sabor da sua comida preferida.
E então você percebe:há paz em estar só. Há poesia. Há reencontro.
Você começa a se escutar.
Descobre seus limites, seus quereres, sua verdade.
Se reconhece inteira, suficiente, plena.
E a solitude floresce, não como ausência, mas como presença.
Você entende que amar o outro é bom, mas amar-se é essencial.
E que qualquer pessoa que venha a caminhar ao seu lado precisa merecer estar ali.
Não para te completar, mas para compartilhar.
A solidão, afinal, nunca foi o problema.
O problema é o medo de não ser amado.
A carência que grita.
O vazio que exigimos que o outro preencha.
Mas quando você se torna casa para si mesma (o), ninguém mais te tira o teto.
E se, um dia, alguém chegar…Que seja um encontro de almas, não de carências.
— Lillian Tavares


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